Agora, levantava-me...
Lá fora, outra cidade,
inusitada e mansa,
um útero de néon.

Agora, era para sempre
e sem monotonia:
um fogo-de-artifício,
a cona-abelha-mestra.

Agora, era de tarde,
toda lavanda e mel,
ambos em demasia,
exacta demasia.

Agora, tinha sido
um amanhã canoro,
memória antecipada,
um cinzel expectante.

E depois era agora:
o medo de não ser,
o medo de não ter
teu coração no bolso.

Miguel Martins

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